Comunicação responsabilizante e compassiva
A nossa forma de comunicação é um dos elementos que potencializam os conflitos improdutivos em nossas vidas. Algumas formas específicas de linguagem e comunicação não -verbal contribuem para um comportamento violento em relação aos outros e a nós mesmos. O uso de julgamentos moralizadores que subentendem uma natureza errada ou maligna nas pessoas que não agem em consonância com nossos valores são parte de um tipo de “violência” que movemos contra nós e os outros. Tais julgamentos aparecem em frases como: “o teu problema é ser egoísta demais”. “ela é preguiçosa”, “eles são preconceituosos”. Culpa, insulto, depreciação, rotulação, crítica, comparação e diagnósticos são todos formas de julgamento.
Nossa ciência, nossa forma de estudar o mundo que nos cerca, nossa atenção se concentra em classificar, analisar e determinar níveis de erro, em vez de nos ater em verificar o que nós e os outros necessitamos e não estamos obtendo. Assim, se minha mulher deseja mais afeto do que estou lhe dando, ela é carente e dependente. Mas, se eu quero mais atenção do que ela me dá, então ela é “indiferente e insensível”. Classificar e julgar as pessoas aumenta o nível de violência pessoal e global.
Um ponto de partida importante para reverter esta sutil e danosa forma de violência é na maneira como nos auto-avaliamos; o que fazemos, sem perceber, a cada momento. Cada um deseja que seus atos o levem ao enriquecimento de sua vida, é fundamental saber como avaliar os eventos e condições de maneira que se possa aprender a fazer escolhas duradouras que sirvam a este propósito. Infelizmente, a maneira como a maioria foi ensinada a se avaliar frequentemente conduz mais ao ódio por si mesmo do que ao aprendizado.
Em nosso vocabulário, há uma palavra com enorme poder de criar vergonha e culpa. É o verbo dever, usado em frases como em “Eu deveria saber” ou “ Eu deveria ter feito aquilo”. Na maioria das vezes em que se usa este verbo, com relação a si mesmo, resistimos ao aprendizado, porque “dever” implica que não há escolha. O que não é verdade, nossa essência é a liberdade e por isso resistimos tanto a fazer aquilo que “temos” ou “devemos” fazer.
Exercite esses passos como fonte de reflexão para uma conduta de maior compaixão consigo mesmo:
Primeiro Passo:
Relacione em uma folha de papel, todas as coisas que você diz a si mesmo que tem de fazer, qualquer atividade que você deteste mas faz assim mesmo, porque percebe que não tem escolha.
Segundo Passo:
Depois de completar a lista, reconheça claramente para si mesmo que você está fazendo essas coisas porque escolheu fazê-las. Coloque a palavra “escolho” na frente de cada item que você listou.
Terceiro Passo:
Entre em contato com a intenção por trás de cada escolha, completando a frase: “escolho ……………. porque quero ……………………”
É provável que existam coisas nesta lista que você queira interromper agora mesmo, poderá ter outras que você queira continuar ainda por um período de tempo, em função das possibilidades e ganhos que elas geram. Mas agora, todas elas passam a estar em seu “radar” pessoal e você assume o controle sobre elas definindo o que irá manter e por quanto tempo.
Escolher conscientemente agir em nossa vida diária, apenas a serviço de nossas próprias necessidades e valores, em vez de por obrigação, por recompensas extrínsecas, ou para evitar culpa , a vergonha ou a punição é uma poderosa fonte de amor e compaixão para conosco. É a base para fortalecer nossa crença em nosso potencial pessoal.
(fonte da reflexão: Rosemberg, M. Comunicação não-violenta )