Fanáticos
Já vimos três estilos de liderados: espectadores, participantes e ativistas. Lembrando que os espectadores são aqueles que pouco contribuem, seja questionando, ou fornecendo ideias e sugestões de melhoria, os participantes de modo geral, são facilmente reconhecidos pois favorecem explicitamente seus lideres, grupos e as organizações dos quais são membros, já os ativistas são fortemente ligados à seus líderes por compartilharem valores e visão de futuro. São dispostos, cheios de energia e engajados.
Dessa vez o foco será os Fanáticos, o último tipo de seguidor, mas não menos importante. Os fanáticos são exatamente o que o nome indica – preparados para morrer, se necessário, por uma causa própria, seja por um indivíduo, uma ideia ou ambos.
Os fanáticos são profundamente dedicados a seus líderes; ou, ao contrário, estão prontos para derrubá-los das posições de poder, autoridade e influência, usando os meios necessários, em função de sua causa. Em ambos os casos, os fanáticos são definidos por sua dedicação, incluindo a predisposição a arriscar a vida e a integridade física. Ser um Fanático é algo totalmente exaustivo. É quem você é e determina o que você faz.
Felizmente, os fanáticos são pessoas não tão comuns. Para garantir a sobrevivência da espécie, precisamos da normalidade, o que implica autopreservação, principalmente entre os jovens e saudáveis. Mas na idade do homem-bomba suicida – cada um deles é, por definição, um fanático -, essa pressuposição é colocada em questão. Questionamos por que os homens e mulheres ostensivamente comuns se predispõem a se explodir porque alguém em algum lugar pediu ou ordenou que fizessem isso. Suas convicções, por vezes pouco racionais para os padrões comuns, os conduzem a essas escolhas.
Evidentemente, também existem outros tipos de Fanáticos: homens e mulheres sem fontes óbvias de poder, autoridade e influência, preparados para arriscar a vida, a carreira, sua profissão e mesmo família em função de um credo, uma ideologia. Há aqui um tipo diferente de “persistência” pois não existe o compromisso com os resultados, a história mas tão somente, com uma crença.
Há uma organização que aprecia profundamente esse perfil de seguidor: as Forças Armadas. Ao longo de toda a história do Estado-nação moderno, e até mesmo muito tempo antes disso, as Forças Armadas eram, em geral, organizadas ao longo de diretrizes rigorosamente hierárquicas e se baseavam em duas premissas básicas. A primeira determina que os subordinados seguirão as ordens emitidas por seus superiores. E a segunda dita que todos, de cima a baixo, estejam preparados, se necessário, para se ferir ou até morrer em batalha.
Essa instituição que tem sua existência validada em tempos de guerra, de profunda perturbação da paz, precisa de integrantes que reflitam pouco, que estejam sempre dispostos a dar a vida por uma causa, a seguir ordens sem argumentar. Quanto mais fanáticos e aguerridos, tanto melhor.
Evidentemente, os líderes têm uma responsabilidade especial nas situações em que vidas estão em perigo. Ter em nossos negócios, pessoas com essa tendência fanática, implica em muitos riscos. Cabe ao líder ter um elevado compromisso com a ética, com objetivos compartilhados que busquem construir uma realidade futura positiva para todos. A riqueza do atual século tem por base o conhecimento, a geração do conhecimento demanda uma postura oposta ao fanatismo. Compete ao líder despertar seus colaboradores desse “sono” do fanatismo, que usualmente implica uma fuga da realidade, para buscar uma postura reflexiva, questionadora que desperte o anseio pelo aprender contínuo e um perfil mais flexível.
Consulta: Como os Seguidores Fazem os Lideres – Barbara Kellerman.