Os tipos de seguidores
Usualmente, nós nos apegamos a nossos líderes e às semelhanças e diferenças existentes entre eles. Mas, com os seguidores, a situação costuma ser bem diferente. Não nos importamos sequer em distinguir um do outro, porque presumimos que eles não fazem a menor diferença ou que todos são “farinha do mesmo saco”.
A primeira exceção notável a essa regra talvez tenha sido o filósofo e estadista inglês Francis Bacon, que escreveu, no século XVI, um ensaio intitulado “Of Followers and friends”. Bacon descobriu que os seguidores eram diferentes entre si – e que alguns eram problemáticos. Ele alertou sobre o risco dos “Seguidores Dispendiosos” – aqueles que “custavam” muito caro, não somente por consumirem literalmente dinheiro, mas também por consumirem tempo, sendo exigentes e cansativos.
Da mesma forma, Bacon se acautelava contra os “Seguidores Revoltosos”, descontentes com o fato de não despertarem credibilidade; e, contra os “Seguidores gloriosos”, que despertavam inveja, quando alardeavam seus triunfos. Por fim, ele alertou contra os “Seguidores Perigosos”, que “questionam sobre os segredos de Estado e saem contando histórias para outras pessoas”.
Mas só bem recentemente, alguns especialistas sobre liderança e gerenciamento desenvolveram tipologias mais formais, que distinguem os seguidores de vários tipos. O livro de Robert Kelley, publicado originalmente em 1992, O poder dos seguidores, é a primeira obra escrita para seguidores, e não para lideres. O livro parece realmente motivado pelo interesse e pela preocupação com a questão de “como é ser um seguidor”. Além disso, seu real objetivo parece ser incentivar os seguidores – os trabalhadores do mundo, se você preferir, a agirem em interesse próprio. Nesse sentido, o livro de Kelley é um manifesto, clamando os seguidores para que não sigam seus líderes ou, mais precisamente, que não façam isso às cegas e sem ponderação.
Kelley diferenciou os seguidores, de acordo com seus “estilos de subordinação”. Segundo o autor, existem cinco tipos de seguidores, conforme sua atuação em relação à participação dos grupos e seu pensamento independente.
• Os seguidores alienados pensam livremente e de modo crítico; mas não participam dos grupos e das organizações das quais são membros. São excelentes no pensamento independente e apresentam resultados inferiores na participação ativa.
• Os seguidores exemplares desempenham bem sua função em todos os aspectos. Exercem um “pensamento critico independente, separadamente do líder ou grupo” e também participam ativamente. De modo geral seu desempenho é excelente.
• Os seguidores conformistas se contentam em receber ordens, submetendo-se a seus líderes. Seu desempenho é excelente quanto à participação ativa, é sofrível em relação ao pensamento independente.
• Os seguidores passivos esperam que os lideres pensem por eles, o que significa que precisam de supervisão constante. O desempenho é baixo no pensamento independente e bem equilibrado na participação.
• Os seguidores pragmáticos “mantêm-se no meio de caminho”. Questionam as decisões de seus lideres, mas não com muita frequência, sem muitas críticas. Seu desempenho fica no nível “médio” quanto ao pensamento independente e também na “média” em termos de participação.
Vemos esse questionamento sobre o papel dos seguidores ganhando força em outros campos, como nos esportes. Hoje, há uma maior ponderação sobre o papel não somente do treinador mas também dos liderados nos resultados das equipes e times.
A verdade é que cada um traz sua contribuição – para bons ou maus resultados. Os seguidores somos nós! Evidentemente, isso não significa que todos nós obedecemos o tempo todo – às vezes, lideramos. Mas todos nós obedecemos, durante uma parte do tempo. É basicamente a condição humana, o que nos leva a perguntar: que tipo de seguidor você tem sido? Qual tem sido seu impacto na sua empresa? Na sua vida?
Consulta: Como os Seguidores Fazem os Lideres – Barbara Kellerman