A vida tem a cor que você pinta!
É tentador rapidamente concordar com o título, mas ao mesmo tempo, como pode ser desafiador identificar quando estamos “pintando”. Boa parte do tempo, reclamamos sobre as “cores” que observamos ao nosso redor: “nossa equipe que não atingiu o desempenho desejado”, “nosso chefe que não esclarece as atividades claramente“, “nosso parceiro ou parceira que não consegue ver nosso valor” e desta forma, passamos boa parte do nosso dia mantendo esse tipo de conversa privada. Alguns a chamam de conversa interna, ela consome nossa atenção e em geral tem alguns pontos comuns: tende a ser negativa e com foco nos outros (e seus erros inesgotáveis).
Bem, pintar a própria vida é aceitar que todos temos um pincel na mão! Toda vez que permitimos que esta intensa conversa preencha nossa mente sem termos consciência dela – sem questionar sua validade ou exatidão, permitimos que nossa mão pinte de forma aleatória. Depois olhamos para o resultado e não aceitamos que tenhamos participado da sua produção.
Pintar a própria vida é empreender a vida! E empreender é saber-se responsável por tudo que nos cerca. E talvez o mais difícil, responsável também por tudo que pensamos. Sim, o pensamento tem a capacidade de trazer à tona emoções. Para o nosso cérebro, pensar em algo e viver esta situação é a mesma coisa. Por exemplo: ter uma discussão com um colega de trabalho ou com seu filho(a) ou lembrar de uma discussão ocorrida mais cedo no dia, provoca as mesmas emoções – o cérebro trata as duas situações da mesma forma, fazendo que nosso corpo reaja de maneira similar. Quantas vezes já nos surpreendemos sentindo nosso coração alterar os batimentos, um suor percorrer o corpo ou mesmo o corpo todo retesar somente por nos lembrarmos de determinada situação? Estamos nestes momentos, vivendo nosso passado novamente. E pintamos uma situação do presente, com as cores do passado.
Um dos problemas com este hábito tão humano de reviver o passado, por meio de pensamentos que “cultivamos” em nossa mente é que isto nos impede de vivermos o presente, em sua novidade e possibilidade. Deixamos de ter uma conversa mais produtiva, ou de ter uma nova postura ou ousar ser mais amigo ou mais alegre ou mesmo mais sereno pois algo em nossa mente nos conta que isso não irá funcionar, afinal no passado deu errado.
A história que nossa mente nos conta não inclui nossa contribuição para os resultados que temos colhido, em outras palavras, não revela quando e o quê estamos pintando. Usualmente, esta conversa nada comenta sobre nossas indelicadezas ou procrastinação, nossa postura prepotente ou omissa, nem mesmo nossa falta de paciência e raiva. Na nossa conversa usualmente somos vítimas, injustiçados pela vida.
O fato, no entanto, é que se acreditamos de verdade que a vida tem a cor que a gente pinta, então, mudar a cor da vida, seus resultados, depende de conseguirmos confrontar nossos diálogos. Afinal, se fazemos tudo certo, os resultados só podem ser positivos. E se ainda não chegamos onde queremos, ou seja, os resultados não apareceram, há algo errado na forma que pintamos ou na tinta que estamos usando. E tudo isso depende de uma ação pessoal mais consciente. Não somos esta conversa interna, mesmo que ela ocorra em nossa mente, somos a consciência que observa a conversa.
Assim, comece hoje a mudar algumas posturas, ou “tintas e técnicas”. Questione seus pensamentos. Questione os pressupostos, os motivos para estes pensamentos surgirem, busque o controle de si mesmo. Com esta prática irá observar que muitas vezes não está tão cansado ou mesmo tão aborrecido (ou ainda com tanta fome) quanto sua mente lhe sugere. Busque observar e com isso, conhecer um pouco mais essa pessoa incrível que é você mesmo. Afinal, chegamos a este mundo sozinhos e é assim que iremos partir, pode ser muito bom nos tornarmos mais próximos de nós mesmos.