“Se cada um fizer a sua parte, tudo dará certo!” será mesmo?
Esta é uma crença muito arraigada em nossa cultura. Aprendemos a olhar para a nossa casa, nossos negócios, nossas empresas e ver como podemos contribuir em nosso pequeno mundo. Contando que se todos fizerem desta forma, a sociedade e a economia serão fortalecidas. Mas olhando em retrospectiva, essa abordagem não tem trazidos os resultados que esperávamos.
Um dos pilares da evolução econômica do homem foi a especialização do trabalho. Foi ela que promoveu a eficiência na produção, ou seja, um aumento da qualidade e uma redução dos preços ( e a satisfação, em poder fazer somente o que se gosta!). Como não há ganhos sem “perdas”, ao fazermos escolhas, como a especialização, perdemos parte de nossa autonomia e passamos a depender mais das trocas com os demais “participantes” do mercado, da vida.
Na tradição cabalística, a diferença entre o céu e o inferno é a presença ou ausência de cooperação. A cena que retrata ambos locais seria de extrema semelhança. Um local onde há comida em abundância mas as pessoas, em função de suas limitações (ou especializações), não conseguem alimentar a si mesmas.
No céu, as pessoas logo percebem que possuem determinadas habilidades que lhes permitem contribuir com os demais e são facilmente despertadas para isso, em função de seus valores e interesses. Acreditam que melhorando a vida dos outros, de alguma forma à sua vida irá progredir. Desta forma, acreditando numa colaboração com o outro, assumem o risco de cuidar do outro, sem a certeza que terão suas necessidades atendidas.
Já no inferno, as pessoas não conseguem vencer a atração que sentem por satisfazer somente às suas próprias necessidades, se muito, buscam ajudar seus familiares. Mas como são especializadas, não conseguem suprir todas suas demandas e passam a sentir uma grande insatisfação. Há locais do inferno onde as pessoas gritam e se desesperam, promovendo revoluções, para tomar à força o que poderiam conseguir com a cooperação. E há outros onde as pessoas se resignam, reforçando a crença que devem se esforçar um pouco mais em atingir seus objetivos. Este esforço, é claro, provoca somente ainda mais dor.
No céu, as pessoas apreciam o lugar comum, o lugar de todos, este espaço público é apreciado como um local de muitas livres trocas e encontros, onde as necessidades podem ser atendidas e pode haver paz. No inferno , o lugar de todos, as coisas públicas, são locais de angústia e desrespeito pois todos estão ocupados somente consigo mesmos.
Qual tem sido a sua postura nos locais “públicos” da sua empresa/ organização (locais como a copa, ou mesmo os sanitários, ou ainda nos projetos transversais)? Ajudar o outro implica também em cobrar prazos e participação/ entregas, você consegue se posicionar de forma serena e firme?