Artigo 2 – Vasalisa: O primeiro domínio da liderança é o EU

Parte 2:

Ao final, a menina indagou à bruxa se poderia fazer algumas perguntas. Baba Yaga responde que sim, mas alertou que saber demais envelhece as pessoas antes do tempo. Vasalisa lhe pergunta sobre coisas que tinha visto no caminho até a casa de Yaga e esta responde de forma cordata e então incentiva a menina a fazer mais perguntas. Vasalisa ia seguir perguntando quando sua boneca lhe orientou a não fazê-lo e ela silenciou. Quando temos desenvolvido nossas habilidades iniciais, ganhamos um espaço para perguntar e participar, ou seja, melhor compreender os temas estratégicos e isso é bom. Mas observem a sabedoria da boneca (nossa intuição, o Ser): de quê adianta conhecimento sem ação? Tal como Yaga alertara: somente faz envelhecer antes do tempo, em outras palavras, sem sabedoria. É bom irmos no nosso momento de maturidade, de experiência. A curiosidade por si, pode somente alimentar o ego.

Baba Yaga até então considerava muita sorte todas as escolhas e feitos da menina mas então decide perguntar a ela de onde vinha tanta astúcia. Vasalisa responde que era uma benção de sua mãe. A bruxa gritou: Benção?! Não precisamos de benção por aqui. E assim, pegou uma caveira que tinha um fogo mágico dentro, colocou-a na ponta de uma vara e deu à menina, mandando-a embora. Vasalisa ia agradecer mas a boneca agitando-se no avental, fez e menina desistir e somente partir. Nossa “sorte” guarda um vínculo com a herança recebida de nossos pais e ancestrais – nossos valores e ética. Mas quando nossas habilidades estão trabalhadas, estes valores funcionam como um ímã que nos instiga a procurar por nossos propósitos – é tempo de partir. E partir é perder, deixar algo para trás. Por vezes precisamos de uma crise, um outro “empurrão” para seguirmos em nossa jornada.

Vasalisa está novamente na floresta escura, mas agora tem a caveira com a tal luz espectral. A menina sente medo da caveira e sua estranha luz e pensa em jogá-la fora. Mas a caveira conversa com Vasalisa e a acalma, conseguem enfim, atravessar a floresta e chegam finalmente em casa. A casa estava fria e escura e a madrasta e suas filhas recebem com alegria Vasalisa pois desde sua partida, por mais que tentassem, não conseguiam mais acender o fogo. Vasalisa sente-se vitoriosa e acende o fogo da casa. Enquanto isso, a caveira ficou observando o trio e antes do amanhecer havia reduzido as três megeras à cinzas. Como é interessante ver que tendo fortalecido seus valores e habilidades, nosso desafio não é ir para fora mas para dentro – “casa”. A “luz” ou clareza de nosso propósito está mais claro mas temos que ter a coragem de seguir a adiante, não é mesmo fácil! Aceitar esta nova mudança, em busca de sonhos alinhados aos nossos valores irá nos levar a novos desafios e obstáculos. Quando aceitamos conviver com esse fogo, ele irá observar e buscar confrontar aquilo que está desalinhado, o que nos apequena, em especial, aquelas conversas internas que minam nossas forças, o nosso ego. Nosso maior inimigo ou mais poderoso amigo, residem dentro de nós. A caveira, este símbolo da morte, da essência nos ajuda a compreender isso. Ela abre caminho para o novo. Essa é uma estória poderosa e ancestral e muitas vezes, temos que revivê-la em nossa jornada pessoal, não é fácil, mas é intensamente gratificante.

Mônica Eickhoff

Atuo na área de desenvolvimento de competências de liderança e empreendedorismo desde 2002, utilizando metodologias ativas que fortalecem a autorresponsabilização por meio de oficinas, palestras e cursos. Credenciada como facilitadora do Seminário Empretec e da ENAP (Escola Nacional de Administração Pública) há mais de dezoito anos. Sou formada em Engenharia Elétrica pela UnB, com formações em Gestão de Pessoas com base em competência, Coach (pela Sociedade Brasileira de Coaching) entre algumas outras. Entre clientes: Grupo InPress, Banco do Brasil, Sebrae Nacional, Sebrae DF, Sebrae AP, Sebrae MG, Almeida França Engenharia, IFCT/ Volta Redonda; CTIS, PGR, entre outros.

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